Notícias de Dubai. COP28 a meio caminho.
O dia.
“Capture de Opportunity: The role of carbon removals in addressing the global stocktake” foi o primeiro painel do qual participamos hoje, sobre o papel das tecnologias de remoção de carbono e como garantir que os projetos sejam aceleradas. Participantes do painel: Ross McKenzie (Drax Group www.drax.com), Tanuj Bandal (Sustainable Markets Initiative www.sustainable-markets.org), Olivia Powis (Carbon Capture and Storage Association CCSA www.ccsassociation.org), Brennan Spellacy (Patch www.patch.io) e Diane Holdorf (World Business Council for Sustainable Development WBCSD www.wbcsd.org), moderated by Nina Skorupska (Renewable Energy Association www.r-e-a.net).
O que foi dito:
(Ross) Um enorme desafio. 99% do CO2 é removido pelas florestas. Resto apenas é Direct Removal (DR) e bioenergia com captura e armazenamento de carbono (BEECS). O papel dos governos é vital. Alguns progressos como o IRA nos Estados Unidos.
(Olivia) Etapas: desenvolver tecnologia, habilidades e apoio público.
(Brennan) Reverter 2 curvas de custo. Custo difícil, da entrega, da engenharia. Custo suave, da coordenação, informação e pessoas. E algo para controlar.
(Diane) Desafio fundamental: credibilidade! Necessidade de reduzir o risco para atrair investimentos. A NBS está na linha de frente hoje. “Mesmos desafios do VCM: como se apresentar”.
(Nina) “Este elemento de confiança será fundamental”.
(Ross) “BECCS pode ajudar”.
(Nina) “Como quando a bateria foi inventada no passado”.
(Ross) “Omã será o primeiro a incluir a CCS no seu NDC. Por que não foram os Estados Unidos, Reino Unido ou Canadá”.
No final, Diane recomendou o guia da sua organização “Removing carbon responsibly”, enfatizando os passos para a credibilidade: taxonomia, princípios de decisão, enquadramentos. “Para nos ajudar a ir mais rápido, a tomar decisões de investimento mais rápidas, de investimentos significativos, tanto o montante de dinheiro quanto a decisão de localização”.
Em seguida, “Brazil: Press Briefing” com Sonia Guajajara (Ministra dos Povos Indígenas), André Corrêa do Lago (Negociador Chefe do Brasil na COP28), João Paulo Capobianco (Vice-Ministro do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas) e Ana Toni (Secretária Nacional de Mudanças Climáticas).
(Guajajara) O Brasil trouxe a maior delegação indígena para esta COP. Povos indígenas representam 5% da população mundial, cuidando de 82% da biodiversidade mundial.
(Capobianco) Foco no desmatamento, causa de 48% das emissões. Reduções.
(Corrêa do Lago) Acredito fortemente na ciência. “O Brasil partirá para um Global Stocktake ambicioso, vinculado à sua NDC”.
Depois, as perguntas e respostas com os repórteres.
Q) (Deutsche Welle) O Brasil apoiará a eliminação progressiva do petróleo?
A) (Corrêa do Lago) Duas perspectivas. O debate internacional ainda não está estruturado (soluções, consumo). Dentro do Brasil temos muitas opções (felizmente) e vamos debater. Uma perspectiva influenciando a outra.
Q) (Folha) Sete vezes mais representantes da indústria petrolífera do que indígenas.
A) (Guajajara) Evolução, aumento do protagonismo. “Havia apenas 5 grupos indígenas na minha primeira participação na COP anos atrás”. Agora são 100 do Brasil de um total de 300 na COP28.
Q) (Greenpeace) Apenas focar no desmatamento será suficiente para os 1,5°C? E a entrada do Brasil na OPEP+?
A) (Capobianco) (Pedimos desculpas aos leitores, pois perdemos o conteúdo. Foi uma resposta breve)
Q) (CNN Brasil) A Colômbia assinou o Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis. O Brasil consideraria o mesmo?
A) (Capobianco) Precisamos ver desde uma perspectiva mais ampla e viável. Por exemplo, temos biocombustíveis e hidrogênio verde.
P) (Mídia internacional) Por que o Brasil escolheu discutir impostos comerciais como o CBAM aqui, em vez de na OMC?
A) (Correia do Lago). Primeiro, porque na ECO92 no Rio concordamos que nenhum país criaria impostos sobre questões ambientais. Segundo, porque na OMC dizem que esse tema deve ser discutido na COP.
Q) (Valor Econômico) Por que esse foco do Brasil no Global Stocktake?
A1) (Ana Toni) Para dar mais transparência etc.
A2) (Corrêa do Lago) Enfatizar a urgência. E a nossa ambição.
P) (Mídia internacional) Qual é a situação da Lei Brasileira de Carbono?
A) (Ana Tony) Otimista e feliz com a ênfase na integridade. Importante ver como os dois mercados funcionarão juntos. Esperamos que seja aprovado ainda durante a COP.
Antes de encerrarmos o dia.
Houve a recomendação/oportunidade de ir à Zona Verde e visitar o Pavilhão do Reino da Arábia Saudita e conhecer a Saudi Green Initiative.
É um compromisso de reabilitar 40 milhões de hectares de terra e restaurar a vegetação natural da Arábia Saudita, através da plantação de 10 bilhões de árvores. Dê uma olhada você mesmo. https://www.greeninitiatives.gov.sa
No pavilhão, a indicação de que já foram plantadas 41 milhões de árvores. Créditos de carbono REDD+ chegando em breve da Arábia Saudita? Fazem parte dos mais de 100 países que se comprometeram com o reflorestamento.
Impressionante.
E outro tema apresentado no pavilhão e pouco comum em muitos países: a necessidade de dessalinizar a água do mar para torná-la potável. A Arábia Saudita tem um novo projeto piloto para os próximos 2 anos de uma planta de dessalinização que funcionará com energia solar, eólica e hidrogênio. (relembre aqui nosso post sobre hidrogênio na Arábia Saudita). Da salmoura extraída da água do mar, aproveitam diversos minerais, entre eles o potássio (K), importante fertilizante necessário em vários países agrícolas.
Por último, mas não menos importante, à semelhança dos Emirados Árabes Unidos, conforme mencionado no nosso Diário COP28 de ontem, a Arábia Saudita também está com um programa ativo de semeadura de nuvens.
PS1. Carbon Credit Markets já publicou sobre o deserto tornando-se mais verde na Península Arábica. Dê uma olhada.
PS2. Alguém nos disse que o Médio Oriente está importando containers de solo rico de outros países, para uso no plantio local de, por exemplo, cereais. frutas e vegetais. Outro tema interessante.
Pessoas e paparazzi
Parece que estamos nos acostumando com as celebridades. Não lembramos de ter visto nenhuma hoje.
Mas espere. Há algo, sim. Hoje foi o Dia dos Povos Indígenas na COP28.
E vimos muitos de seus representantes, pessoas com cocares indígenas (inclusive um de cocar e terno!), entre outras vestimentas tradicionais e enfeites coloridos. Lindo.
E mais para o final do dia, como a temperatura estava mais amena e já estávamos na Zona Verde, fomos tomar um café. Como você deve se lembrar, a Zona Verde está aberta ao público. O ambiente estava alegre e barulhento, até com crianças por perto, tomando sorvete. Como em um parque. Bicicletas, patinetes elétricas e carrinhos de golfe também fazem parte do “tráfego” da Zona Verde, às vezes agitado, apesar das faixas especiais para esses veículos. Não foi uma só vez que quase fomos atropelados por um destes carrinhos de golfe, pois estas “pistas” são nas mesmas calçadas dos pedestres.
Our key takeaways
Compreensão e apoio público. Estamos passando por processos históricos. Semelhante a quando a bateria entrou na vida das pessoas. Ou quando você ouviu pela primeira vez a palavra “energia renovável”. Agora ouvimos “captura de carbono” e “créditos de carbono”. E quanto aos países, atenção: há novos protagonistas globais.
Tornar o deserto mais verde é uma realidade. Além de semear nuvens para chuva e importar solo fértil de outros países.
COP ou Organização Mundial do Comércio? Onde discutir impostos como o CBAM?