18ª semana CCM 2025. Avanços no mercado de carbono: tokens na Tailândia, regulação no Zimbábue, Artigo 6 no Quênia e Moldávia, novas ferramentas, BRICS e CCS, queda nas emissões e eventos globais.
- Art Dam
- há 4 horas
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Segunda-feira, 12 de maio de 2025.
Mercados de carbono globais seguem em evolução. A Tailândia 🇹🇭 lança consulta pública sobre créditos de carbon tokenizados, enquanto o Zimbabwe 🇿🇼 cria sua Carbon Market Authority. Ferramentas como o Voluntary Registry Offsets Database e o Carbon Data Open Protocol ampliam a transparência. Quênia 🇰🇪 e Moldávia 🇲🇩 fazem novos depósitos de NDCs e mencionam o Artigo 6 do Acordo de Paris. 🌏 O BRICS discute Captura e Armazenamento de Carbono, e o Climate Trace registra queda nas emissões globais, apesar dos desafios para 2025. 🎓Eventos como o Carbon Market Training, da Gold Standard, e discussão dos dados mais recentes do Climate Watch pela WRI ajudam na compreensão das emissões. No Brasil🇧🇷, o 5º Simpósio SAE BRASIL de Combustíveis Renováveis impulsiona o debate sobre a transição energética.
CREDITOS DE CARBONO
Tailândia avança sobre comércio de créditos de carbono tokenizados.
A Comissão de Valores Mobiliários da Tailândia (Thai SEC) está ajustando a regulamentação para viabilizar a negociação de créditos de carbono tokenizados, com o objetivo de tornar o país um hub regional nesse mercado. A iniciativa utiliza blockchain para aumentar a transparência e eficiência das operações.
Principais destaques:
A Thai SEC aprovou, a princípio, a regulamentação permitindo que corretoras, bolsas de ativos digitais e negociantes ofereçam créditos de carbono tokenizados.
A proposta também abrange a negociação de certificados de energia renovável (RECs) e permissões de carbono tokenizadas.
O governo tailandês considera essa medida estratégica para alcançar suas metas de neutralidade de carbono até 2050 e emissões líquidas zero até 2065.
Apesar da aprovação inicial, a Thai SEC ainda coleta opiniões de stakeholders antes de definir as regras finais, mantendo a decisão em fase de consulta pública. Clique aqui para o press release oficial de 29 de abril de 2025 e aqui para a consulta pública, em formato moderno e bem interessante.
Zimbabwe cria sua Carbon Market Authority.
Zimbabwe regulamentou recentemente sua Zimbabwe Carbon Market Authority (ZiCMA) para supervisionar projetos de créditos de carbono. Trata-se de entidade com poder de aprovar e registrar projetos, emitir autorizações, garantir maior transparência no comércio de compensações de emissões e instrumentalizar o que foi prometido na última NDC do país, depositada há poucos meses.
O país foi classificado como o terceiro maior produtor de créditos de carbono da África em 2023, representando cerca de um oitavo da produção do continente. Ou seja, o país já vem gerando centenas de milhões de dólares em receitas, inclusive impostos, taxas ou licenças.
Vale lembrar que em 2023, em reação a denuncias de fraudes, o governo cancelou todos os projetos existentes e passou a exigir um novo registro, inclusive garantindo que o país ficasse com parte das receitas. Citamos algo a respeito desses problemas em recente artigo “Reino Unido lança Consulta Pública sobre Mercados Voluntários de Carbono e Natureza”.
Clique aqui se tiver curiosidade nas 92 páginas do Statutory Instrument 48/2025 que trata das regulamentações gerais sobre comércio de carbono do Zimbabwe.
Com predominância de savanas tropicais, os créditos de carbono no Zimbabwe são principalmente gerados por atividades como projetos de reflorestamento. De acordo com o Voluntary Registry Offsets Database - até 28 de fevereiro de 2025 - o Zimbabwe já havia gerado mais de 31 milhões de créditos de carbono, em cerca de 27 projetos.
Voluntary Registry Offsets Database?
Sim. O Voluntary Registry Offsets Database é um banco de dados desenvolvido pelo Berkeley Carbon Trading Project da Universidade da Califórnia, Berkeley.
Ele reúne informações sobre todos os projetos de compensação de carbono, emissões de créditos e aposentadorias de créditos registrados globalmente por quatro dos principais registros voluntários de compensação de carbono: American Carbon Registry (ACR), Climate Action Reserve (CAR), Gold Standard e Verra (VCS).
Esse banco de dados visa aumentar a transparência do mercado de compensação de carbono, permitindo que pesquisadores e compradores de créditos de carbono tenham uma visão mais clara dos projetos e créditos disponíveis. Ele também oferece gráficos dinâmicos para visualizar tendências ao longo do tempo e explorar projetos por localização, tipo e registro.
Se quiser conferir mais detalhes ou baixar gratuitamente a versão mais recente do banco de dados, você pode acessar aqui. Trata-se de um arquivo Excel, atualmente com cerca de 13 MB.
E o Carbon Data Open Protocol?
O Carbon Data Open Protocol (CDOP) é uma iniciativa lançada há poucas semanas buscando padronizar e harmonizar os dados do mercado de carbono. Criado por uma coalizão de 30 organizações, incluindo Sylvera, RMI e S&P Global Commodity Insights, ele busca melhorar a transparência e comparabilidade dos créditos de carbono.
O CDOP se alinha ao Artigo 6 do Acordo de Paris e estabelece um conjunto de princípios para garantir a integridade dos dados usados por empresas e investidores. A implementação de suas diretrizes está prevista para o final de 2025, promovendo maior confiabilidade no comércio de créditos de carbono e facilitando a adesão de novos participantes ao mercado.
A adoção mais ampla de uma orientação como essa dependerá de vários fatores, dentre os quais:
Aceitação por governos e organismos reguladores, especialmente aqueles que já possuem frameworks de mercado de carbono bem estabelecidos.
Compatibilidade com sistemas de precificação de carbono regionais, garantindo integração com mecanismos como o EU ETS e mercados emergentes.
Adesão de empresas e investidores, que precisarão confiar na robustez do protocolo para embasar suas estratégias de compensação e neutralização de emissões.
Ou seja, se o CDOP conseguir demonstrar credibilidade, eficiência e benefícios econômicos, há boas chances de que se torne um referencial mais ampla para a governança de dados em mercados voluntários e regulados de carbono.
Confira aqui o press release sobre o CDOP.
Após semanas sem novas NDCs, dois países realizam seus depósitos e citam o Artigo 6.
Vejamos o que Quênia e Moldávia falam especificamente sobre “The intention to use voluntary cooperation under Article 6 of the Paris Agreement”.
“Kenya will engage in voluntary cooperation under Article 6 of the Paris Agreement as part of her efforts to implement the Nationally Determined Contribution (NDC). This approach aims to enhance ambition and promote sustainable development while ensuring environmental integrity. Currently, Kenya is developing a comprehensive carbon market framework and establishing the necessary arrangements, including institutional structures, authorization processes, a carbon registry, and a project pipeline, to facilitate her participation in Article 6. Additionally, the country is exploring opportunities for international cooperation by leveraging bilateral agreements, ensuring that its efforts align with global climate goals while maximizing local benefits.” Kenya's Second Nationally Determined Contribution 2031 - 2035.
“Since 6 September 2022, Moldova has been a Joint Crediting Mechanism Partner Country with Japan. This mechanism is a system to cooperate with developing countries to reduce GHG emissions, under which the amount of emission reduction is assessed as a contribution by both partner countries, and aims to facilitate diffusion of leading decarbonizing technologies and infrastructure through investment by Japanese entities, thereby contributing to GHG emission reductions or removals and sustainable development in partner countries. The Joint Crediting Mechanism will contribute to the achievement of both partner countries’ NDCs by evaluating Japan’s contributions in a quantitative manner and assigning Japan part of the credit.” Republic of Moldova NDC 3.0.
MUNDO e GOVERNANÇA CLIMATICA
BRICS discute Captura e Armazenamento de Carbono.
Artigo recente aborda as discussões realizadas pelo BRICS sobre transição energética, resiliência climática e descarbonização no setor de óleo e gás. Os participantes enfatizaram a necessidade de cooperação internacional para garantir segurança energética e promover soluções sustentáveis.
Um dos principais temas foi o financiamento para infraestrutura e tecnologias de baixa emissão. Além disso, houve destaque para a importância da inclusão energética, garantindo que regiões menos desenvolvidas possam acompanhar a transição.
Em relação ao CCS (Captura e Armazenamento de Carbono), a tecnologia foi mencionada como uma solução estratégica para a redução de emissões na indústria de petróleo e gás. Os debates reforçaram a necessidade de investimentos e de um ambiente regulatório favorável para a expansão do CCS.
Clique aqui para o artigo e aqui para nossa série de posts sobre CCS, que não é novidade mundo afora.
Climate Trace registra queda das emissões globais, mas desafios para 2025 permanecem.
Press release recente da Climate TRACE sobre os dados de emissões de fevereiro de 2025 destaca que as emissões globais de gases de efeito estufa totalizaram 5,04 bilhões de toneladas de CO₂e, representando uma queda de 0,47% em relação a fevereiro de 2024.
Alguns pontos importantes:
Emissões acumuladas no ano: Totalizam 10,32 bilhões de toneladas de CO₂e, uma redução de 0,55% em comparação ao mesmo período de 2024.
Metano: As emissões globais de metano foram 31,70 milhões de toneladas, com uma leve queda de 0,01%.
Estados Unidos tiveram uma redução de 0,79% em relação a fevereiro de 2024, enquanto as emissões da China aumentaram 0,21% no mesmo período.
Setores: Houve redução nas emissões de operações de combustíveis fósseis, manufatura, energia e transporte, sendo que o setor de transporte teve a maior queda, de 1,29%.
Cidades com maior emissão mundial: Xangai, Tóquio, Pequim, Suzhou e Houston lideraram o ranking.
Cidades com maior emissão por continente: Xangai, China, Ásia; Moscou, Rússia, Europa; Houston, Estados Unidos, América do Norte; São Paulo, Brasil, América Latina; Johannesburgo, África do Sul, África; Sydney, Austrália, Oceania.
Cidades com maior redução mundial: Los Angeles, Nova York, Tóquio, Houston e Dallas tiveram as maiores quedas absolutas.
Cidades com maior redução por continente: Tóquio, Japão, Ásia; Nicosia, República Turca do Chipre do Norte, Europa; Los Angeles, Estados Unidos, América do Norte; Arauca, Colômbia, América Latina; Raja, Sudão do Sul, África; Sydney, Austrália, Oceania.
O relatório também menciona que os dados foram atualizados para a versão v4.2.0, com ajustes metodológicos e padronização de nomenclaturas. Se quiser mais detalhes, você pode acessar o press release completo aqui.
E se tiver interesse, aqui outro artigo que publicamos sobre a Climate Trace, ferramenta mostra 352 milhões de pontos de emissão de GEE em todo o mundo.
EVENTOS e OPORTUNIDADES
📍🖥️ Carbon Market Training Resources, da Gold Standard com apoio do Federal Ministry for Economic Affairs and Climate Action da Alemanha🇩🇪. Detalhes aqui.
📍🖥️ Latest GHG Emissions Data from Climate Watch, 27 de maio pela WRI World Resources Institute. Registre-se aqui.
📍🇧🇷 5th Symposium SAE BRASIL of Renewable Fuels, 26 de junho, Sorocaba, São Paulo, Brasil. Detalhes aqui.
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