Praticamente não há hidrogênio (H2) puro na Terra porque é muito reativo. De acordo com o US Department of Energy "apesar de abundante como elemento, o hidrogênio é quase sempre encontrado composto, como a água (H2O) ou o metano (CH4)".
Mas há curiosidades geológicas sobre o H2 natural, o H2 "nativo". Emissões de H2 foram observadas em muitos lugares. De acordo com um artigo da Science Business uma dessas reservas foi encontrada no Mali e hoje o poço fornece 98% de hidrogênio puro e não registrou nenhuma diminuição na produção desde o início da extração. Segundo trabalho recente do US Geological Survey (USGS) pode haver H2 natural suficiente para atender à crescente demanda global.
Clique na imagem abaixo ("fairy circle" by Isabelle Moretti et alii) para um artigo da Materia Rinnovabile, explicando o H2 natural. Acredita-se que o principal motor da produção natural de H2 seja um conjunto de reações de alta temperatura entre água e minerais ricos em ferro, como a olivina, abudante na Terra. Uma reação comum é sua conversão em outro mineral chamado serpentinita. No processo, o ferro se oxida, capturando átomos de oxigênio das moléculas de água e liberando H2. Muitas vezes, esse H2 reage imediatamente com o CO2 da atmosfera, precipitando carbonatos. Um processo natural de captura de carbono.
Além do caso do Mali, propriedade da canadense Hydroma , atuais ocorrências de H2 nativo estão em Omã, Filipinas, Nova Caledônia, Pirineus, centenas de crátons (pré-cambrianos) na Rússia e nos EUA e nos "fairy circles" no Brasil, Canadá, Austrália e Namíbia.
A propósito, a empresa de energia francesa Engie tem projetos no Brasil onde centenas de sensores para monitorar o fluxo de H2 foram desenvolvidos e instalados na Bacia do São Francisco, com porcentagens significativas de H2 na subsuperfície e onde "fairy circles" são visíveis .
Emanações medidas variam de 50 a 1.900 kg/km2/dia. Em perspectiva, 5 kg são suficientes para encher o reservatório de um veículo com célula de combustível.