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Edição Extra! Destaques da Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.

  • Art Dam
  • 26 de jul.
  • 8 min de leitura

Atualizado: 13 de ago.


Para você ler enquanto preparamos a edição do início da próxima semana.


Foram dois dias bastante intensos no Memorial da América Latina, em São Paulo, Brasil, com conteúdos muito práticos, completos e vanguardistas. Além da evidente expansão de participantes de outros países e global players, fica a impressão que não apenas o setor privado, mas o público, estão se preparando para ocupar o espaço da COP30 com vários anúncios e novidades.


Abertura, Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.
Abertura, Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.

Conteúdos


1) Redução de Desmatamento e Ação Climática


Destaque para Cristiano Cunha que apresentou o Programa Brasil M.A.I.S. (Meio Ambiente Integrado e Seguro).


Trata-se de iniciativa estratégica operacional de sensoriamento remoto do território brasileiro, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Fornece imagens diárias de satélite em alta resolução de todo o território nacional, além de alertas automáticos sobre crimes ambientais como desmatamento, garimpo ilegal, queimadas e cultivo de culturas ilícitas. Veja por exemplo, o deforestation detector.


A plataforma já é utilizada por mais de 560 instituições públicas e conta com cerca de 110 mil usuários em todo o Brasil. Ela permite o acesso gratuito a dados geoespaciais, facilitando ações de fiscalização, investigação e planejamento ambiental, além de promover cooperação interinstitucional.


A plataforma SCCON é a base tecnológica que viabiliza o funcionamento do Programa Brasil M.A.I.S.




2) Governança Climática Territorial: Garantias de Direitos e Salvaguardas Ambientais


Impressionante o testemunho de Valber Tembé, Presidente da Federação Zane Zeno’og haw (Povo Tembé Tenetehar), povo que já trabalha com REDD+ privado, sendo que os primeiros debates ocorreram em 2004, tendo sido retomados em 2018. E com o apoio da Wildlife Works, formalizaram um protocolo para que todos, todas as aldeias do Povo Tembé Tenetehar sejam consultadas e atendidas em assuntos relativos a, por exemplo:

  • Projetos de Créditos de Carbono de Desmatamento Evitado REDD+

  • Projetos de Reflorestamento e restauração de áreas degradadas

  • Instituições de pesquisa

  • ONGs

  • Jornalistas e produtores de mídia


O Povo Tembé Tenetehar ocupa os 279.897,70 hectares da Terra Indígena Alto Rio Guamá, abrangendo os municípios de Paragominas, Nova Esperança do Piriá e Santa Luzia do Pará. O território abriga 38 aldeias — 19 ao norte e 19 ao sul — com cerca de 614 famílias indígenas.


A Wildlife Works é uma organização internacional fundada em 1997 e sediada na Califórnia, que desenvolve projetos de conservação florestal e créditos de carbono REDD+ em países como Quênia, República Democrática do Congo, Colômbia e Indonésia, buscando tanto a proteção florestal quanto o beneficiando das comunidades locais.


Leia mais a respeito nesse artigo de 27 de junho de 2025 da Revista Cenarium. Abaixo também consta o próprio protocolo, documento com 54 páginas bem marcantes.




3) Como a Agricultura pode Liderar Soluções para os Desafios do Clima?


Eduardo Bastos, diretor do Instituto de Estudo do Agronegócio (IEAG) da ABAG, ressaltou o papel estratégico do carbono no solo, as diferenças significativas entre os solos nos hemisférios norte e sul e o potencial do Brasil em liderar a produção de alimentos aliada à geração de créditos de carbono. Destacou a criação do CCarbon (Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical) em 2024, maior centro de pesquisa do hemisfério sul, com apoio internacional e ganhadores do Nobel e vinculado à ESALQ/USP. Mencionou um projeto multi milionário para estabelecer linhas de base em todos os biomas brasileiros e afirmou que o agronegócio bem feito pode contribuir significativamente para a captura de carbono, estimada em 13 bilhões de toneladas nas Américas. “Agro bem feito é solução”, disse.


Tiago Agne, gerente corporativo de sustentabilidade da SLC Agrícola, destacou que o Brasil já adota práticas agrícolas sustentáveis, mas falta visibilidade. Defendeu um sistema de Mensuração, Relato e Verificação (MRV) tropical e o acesso dos produtores ao Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), com foco na valorização do carbono.


Richard Smith, CEO do Instituto PCI MT, apresentou a PCI - “Produzir, Conservar, Incluir” - como modelo sustentável que valoriza o produtor rural. Com resultados expressivos em Mato Grosso, defende que a iniciativa pode levar o Brasil à neutralidade de carbono até 2035 e ganhar destaque na COP30.

Painel Como a Agricultura pode Liderar Soluções para os Desafios do Clima?, Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.
Painel Como a Agricultura pode Liderar Soluções para os Desafios do Clima?, Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.

4) Monitoramento de Biomassa a partir do Espaço – Um Avanço Revolucionário para Ampliar o Financiamento Florestal com Carbono?


Carlos Nobre, Professor Titular do Instituto de Estudos Avançados da USP, alertou para a savanização da Amazônia caso o desmatamento ultrapasse 20–25% e o aquecimento global chegue a 2 °C, colocando a região perto do ponto de não retorno. Destacou que secas mais intensas podem acelerar o desmatamento e apontou dois novos riscos: surgimento de vírus e pandemias, e a perda dos “rios voadores”, que reciclam e transportam a umidade da floresta. E concluiu “Temos que salvar a Amazônia”.

Prof. Carlos Nobre, Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.
Prof. Carlos Nobre, Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.

Luiz Aragão, pesquisador do INPE, destacou que as emissões por degradação florestal variam significativamente conforme a densidade das diferentes espécies de madeira, sendo impactadas também pela introdução de espécies não nativas em cada bioma, o que altera o padrão original e pode intensificar os efeitos da degradação.


Florian Reber, da Chloris Geospatial, mostrou diversas imagens geoespaciais e análises comparativas, focadas no Brasil. Abordou as perdas de biomassa, destacando sua relevância para o monitoramento ambiental e para a contabilização precisa das emissões de carbono associadas à degradação florestal. Incluímos alguns slides no mosaico abaixo.




5) Governança do mercado regulado de carbono com base em diálogo federativo e setorial


Um belo painel público - privado.


Cristina Reis, Subsecretária do Ministério da Fazenda, destacou que a implantação do SBCE seguirá a cronologia prevista em lei, com um relatório completo a ser divulgado em breve. Como solução inicial, será criado um órgão gestor provisório dentro do Ministério da Fazenda — uma secretaria — por ser mais ágil e menos custosa que uma agência reguladora, cuja criação exigiria concursos e aprovação legislativa. A longo prazo, o governo avalia que uma agência reguladora será o modelo ideal para garantir autonomia e governança técnica.


Plínio Ribeiro, Advisor na Ambipar, elogiou a lei do SBCE, mas alertou para os riscos de pressa na implementação e concorrência com o mercado voluntário. Defendeu uma agência reguladora independente para garantir integridade e evitar lobbies. Ressaltou que nem todo projeto vira crédito de carbono, e que a demanda é o fator mais crítico — se o “cap” for alto ou houver excesso de permissões, o preço pode colapsar. Também destacou o papel do REDD+, a importância da tecnologia para garantir integridade, e elogiou a apresentação da Polícia Federal sobre o programa Brasil M.A.I.S. como exemplo de monitoramento eficaz.


Aloísio Melo, Secretário Nacional de Mudança do Clima (MMA), explicou que o MMA terá novas atribuições no SBCE, incluindo a reorganização da CONAREDD+ e a coordenação interministerial sobre temas como ITMOs (transferência internacional de resultados de mitigação) e o Artigo 6 do Acordo de Paris. Para a COP30, o Brasil levará propostas sobre os três pilares do Artigo 6: 6.2 (ITMOs), 6.4 (mecanismo de mercado) e 6.8 (cooperação não mercantil). Ele também mencionou o Artigo 56, que trata do papel das seguradoras, e a necessidade de mais regulamentação pela SUSEP.



Algo mais sobre o conteúdo


Esses acima são os conteúdos que selecionamos para nossos leitores, apesar de termos presenciado outros painéis interessantes, vários deles ocorrendo simultaneamente. Para concluir essa parte dos conteúdos, mais duas referências.


Sobre grupos que se reuniram paralelamente ao evento, veja por exemplo esse post do LinkedIn, sobre Women in carbon.



Thibault Sorret, CEO da Equitable Earth, teve participação de destaque em alguns painéis e com posicionamentos instigantes.


Comentou sobre a integração de tecnologias nos processos de verificação e integridade. Na Equitable Earth, “project developers don’t submit 100 page pdfs, they submit everything through an online platform that has tutorials to guide them at every step of the way. We centralize carbon accounting too”.


E acrescentou o que tem observado “Standards must integrate technology to certify projects efficiently at a larger scale. … We’re seeing all the major players investing in this.


Também compartilhou experiência própria e a urgente necessidade de tropicalização e adaptação das metodologias às realidades locais. 


This weekend, I visited projects in Brazil’s Mata Atlântica biome to understand local challenges and opportunities. I was blown away by thedepth of expertise from local researchers and universities. Brazil has exceptional scientific expertise across its six distinct biomes. Standardsmust leverage this knowledge, rather than imposing external models that don’t fit local realities.”


We need a tropicalisation of standards, and that starts by working collaboratively with key institutions that have this expertise. Standards need to build a local presence, closer to where the projects are. Equitable Earth already has team members based in Brazil.”


Para Carbon Credit Markets, foi ótimo ver na Equitable Earth (anteriormente ERS) a evolução da metodologia que tivemos a honra apoiar desde seu início lá em 2023.



Alguns participantes


Aliança Brasil NBC, além da maestria da Carla Zorzanelli com toda dinâmica do evento, convidados e participantes, a Aliança apresentou e deu palco a Julie Messias, sua nova diretora executiva. Também o novo Conselho de Administração foi anunciado: Jana Dallan (Carbonext), Marta Giannichi (MyCarbon), Marcos Preto (Agrocortex), Marco Tuoto (brCarbon), Monique Vann (Wildlife Works), Plinio Ribeiro (Ambipar) e Tiago Ricci (Systemica).



Carbonext e NaturAll Carbon, que estavam juntas no evento, haviam anunciado em 16 de junho de 2025 uma parceria estratégica voltada ao desenvolvimento de projetos de crédito de carbono em agricultura regenerativa. A NaturAll Carbon, uma climate-tech anglo-brasileira, é pioneira na emissão de créditos de carbono em projetos ALM (Agriculture Land Management), validados por metodologia da Verra. Confira aqui o press release completo.



🌱A união entre REDD+ e agricultura regenerativa marca um avanço significativo na agenda climática brasileira, com meta de atingir 150 mil hectares até 2027. O movimento fortalece o protagonismo do Brasil em soluções baseadas na natureza e abre caminho para escalar práticas agrícolas com alto potencial de captura de carbono no solo.


🌍 Detalhando o pioneirismo citado acima, em 28 de maio de 2025, a NaturAll Carbon tornou-se a primeira empresa nas Américas — e a segunda no mundo — a emitir créditos de carbono verificados sob a metodologia VM0042 de Agricultura Regenerativa da Verra. 


Marcando um avanço histórico para o setor e e inaugurando um novo mercado que valoriza produtores rurais por regenerar o solo e combater as mudanças climáticas, 🚜 a Fazenda Flórida, em Cassilândia (MS), foi a pioneira na emissão dos créditos, adotando práticas como recuperação de pastagens e integração lavoura-pecuária.



Sylvera, antes mesmo do evento, sua representante, vinda diretamente do Texas Estados Unidos🇺🇸, já tinha convidado por email os conferencistas a conhecerem seu estande.



Emisfera Agro, uma startup para créditos de carbono Itaú Cubo, com sede em Sorriso - Mato Grosso, mandou três representantes e um cliente, com quem tivemos agradável interação.



Blood.ag, produtora de eventos que tem em seu currículo o Pacto Global com os eventos Ambição 2030 e Bioeconomy Amazon Summit (este último realizado em Belém), o Fórum de Ministros do Meio Ambiente para a UNEP-ONU, e a inauguração das plantas de Biogás e Etanol 2a Geração para a Raízen, entre outros, e que já conta com rede e estrutura local para atender às demandas das empresas para a COP30.




Advocacy Legislativo. Ótimo ver congressista do Estado do Rio de Janeiro, a nível de Senador, Alessandro Molon presente e atendo a tudo. Nos dois dias da CBCC.



Destaque do mundo jornalístico. Lourival Sant’Anna, renomado jornalista e analista internacional brasileiro, com vasta experiência em cobertura de eventos globais, atuou em todo evento, inclusive como moderador. E sabe muito sobre créditos de carbono.



Fastmarkets também esteve presente. Trata-se de uma agência global que publica preços e análises de commodities, incluindo créditos e compensações de carbono. Realizará o evento Latin America Carbon Forum no próximo dia 11 de agosto em São Paulo, com nossa parceria. Não deixe de participar. Tem um código de desconto nesse link!



Carbon Credit Markets, portal classificado em 1º lugar no Brasil e 20º no mundo pelo FeedSpot, alcança profissionais em mais de 100 países por meio da web e das redes sociais. Relembre nossa cobertura diária durante a COP28 em Dubai, de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023,  e acompanhe a nova seção COP30 Experience no portal. Novidades em breve!



Encerrando


A Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025 foi mais um evento que sinaliza como anda a jornada preparatório rumo à COP30, que além de ser chamada de COP da Amazônia e COP da Virada, também tem sido apresentada como a COP da Ação — e, em alguns discursos, como a COP da Entrega.


Encerramento. Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.
Encerramento. Conferência Brasileira Clima e Carbono 2025.

 CARBON CREDIT MARKETS

“Nothing in life is to be feared, it is only to be understood. Now is the time to understand more, so that we may fear less.”

“I am among those who think that science has great beauty”

Madame Marie Curie (1867 - 1934) Chemist & physicist. French, born Polish.

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