44ª semana Carbon Credit Markets 2025. COP30 e dilemas de justiça; China lidera mercado de carbono; IETA e Article 6; Brasil integra sistemas; Singapura, Peru e Portugal avançam; líder transformador
- Art Dam
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Atualizado: há 24 minutos
Segunda-feira, 10 de novembro de 2025.
44ª semana Carbon Credit Markets 2025. Os créditos de carbono em pauta na primeira semana da COP30.
Destaques da Semana
COP30 destaca tensões entre ambição climática e viabilidade: quem paga e decide? A China amplia seu mercado de carbono como estratégia central até 2035, enquanto o Brasil propõe integrar sistemas globais com foco na Amazônia. Singapura e Peru avançam com acordos bilaterais, e a IETA lança ferramenta para monitorar metas. O mercado voluntário busca mais integridade, com iniciativas como a plataforma portuguesa e a nova regulação brasileira para créditos sob o Acordo de Paris.
COP Experience: chegamos a Belém, após 3.000 km
Agora começa nosso trabalho de campo, cobertura da COP30 para você. Viva essa jornada conosco! Continue acompanhando tudo através dos canais digitais de 🔗 COP Experience e 🔗 Carbon Credit Markets.
COP30
Quem decide paga a conta? Quem se desenvolve?
O artigo “Will COP30 Deliver?”, publicado pela Project Syndicate - cuja missão é “democratiza o acesso a ideias de alto nível” - e assinado por figuras influentes como María Fernanda Espinosa (ex-presidente da Assembleia Geral da ONU), Patricia Espinosa (ex-secretária da UNFCCC), Jayati Ghosh (economista indiana), Mahmoud Mohieldin (enviado especial da ONU para financiamento da Agenda 2030), Marina Romanello (diretora executiva do Lancet Countdown), Vera Songwe (ex-secretária da Comissão Econômica da ONU para a África) e Laurence Tubiana (arquitetura do Acordo de Paris), defende que o sucesso da COP30 depende de avanços em financiamento e justiça climática, saúde pública e preservação de florestas tropicais, mas alerta que essas pautas diplomáticas não enfrentam os dilemas centrais da ação climática: quem paga, quem decide e quem se desenvolve. A proposta de elevar o financiamento de US$ 300 bilhões para US$ 1,3 trilhão é ambiciosa, mas sem clareza sobre quem vai desembolsar e como países como o Brasil acessariam esses recursos sem abrir mão de soberania. A criação do Tropical Forest Forever Facility é promissora, mas pode reforçar a lógica de compensações vagas para o Sul Global. O Brasil é citado como peça-chave, mas tratado mais como cenário simbólico do que como negociador estratégico, sem menção à indústria, infraestrutura ou bioeconomia. Sem compromissos financeiros robustos, transferência de tecnologia e abertura de mercados, a promessa de transição justa permanece retórica — e o Brasil corre o risco de ser visto como reserva ecológica do Norte Global, enquanto sua população segue enfrentando desigualdades profundas.
Panorama Internacional dos Créditos de Carbono
China amplia mercado de carbono e reforça compromisso climático em nova NDC (Nov/2025).
A nova NDC da China para 2035 reforça o mercado de carbono como instrumento central da política climática. (1) Mercado regulado: o país já opera o maior sistema de comércio de emissões do mundo, cobrindo mais de 5 bilhões de toneladas de CO₂ por ano, com 7,28 bilhões de toneladas transacionadas e cerca de 498,3 bilhões de yuans movimentados até setembro de 2025. A expansão inclui novos setores, leilões pagos e instrumentos de negociação. (2) Mercado voluntário (CCER): lançado para complementar o sistema regulado, já movimentou 2,67 bilhões de yuans com mais de 318 mil toneladas transacionadas, incentivando tecnologias de baixo, zero e carbono negativo. (3) Direcionamento estratégico: a NDC prevê, até 2035, um mercado mais eficaz, dinâmico e com influência internacional. (4) Papel global: a China busca consolidar seu mercado como principal mecanismo de precificação de carbono e apoio à transição verde.
Brasil propõe coalizão voluntária para integrar mercados de carbono já existentes (Out/2025).
Durante os preparativos para a COP30, o Brasil apresentou uma proposta para integrar os mercados de carbono em nível global, indo além do que já está previsto no Artigo 6 do Acordo de Paris. Embora esse artigo estabeleça mecanismos de cooperação internacional para a troca de créditos de carbono, o Brasil propõe a criação de uma Coalizão Aberta que conecte voluntariamente os sistemas já existentes — como os da União Europeia, China, Califórnia e o novo mercado regulado brasileiro — por meio de padrões mínimos comuns. A iniciativa busca promover um sistema mais transparente, eficiente e justo, com foco na inclusão dos países em desenvolvimento e na valorização de créditos gerados por ações de preservação da Amazônia. A proposta foi bem recebida em eventos paralelos à COP30 e será aprofundada até sua possível formalização na conferência.
Singapura e Peru lançam chamada de projetos de créditos de carbono sob o Acordo de Paris (Out/2025).
No dia 24, Singapura e Peru abriram inscrições para projetos de créditos de carbono sob seu Acordo de Implementação, firmado em 1º de abril de 2025, conforme o Artigo 6 do Acordo de Paris. Os projetos aprovados deverão gerar créditos que empresas em Singapura poderão usar para compensar até 5% de suas emissões tributáveis. Além disso, Singapura se comprometeu a destinar 5% do valor dos créditos a medidas de adaptação no Peru, como proteção costeira e resiliência ao calor. Para serem elegíveis, dentre várias condições, os créditos devem representar reduções ou remoções de emissões entre 2021 e 2030, sendo aceitas metodologias Gold Standard e Verified Carbon Standard, com foco em energia térmica, gestão de resíduos, reflorestamento e conservação florestal. Essa iniciativa faz parte da estratégia de Singapura para alcançar emissões líquidas zero até 2050, considerando suas limitações energéticas internas. O país já firmou acordos semelhantes com dez nações, incluindo Chile, Gana, Mongólia e Vietnã.
IETA lança rastreador global para acompanhar créditos de carbono e implementação do Artigo 6 (Out/2025).
No último dia 29, a IETA lançou um rastreador interativo que monitora o progresso individualizado dos países na implementação das metas climáticas atualizadas (NDC 3.0) e na aplicação do Artigo 6 do Acordo de Paris, voltado à cooperação internacional para a redução de emissões. A ferramenta reúne fichas informativas por país e mapas comparativos, oferecendo uma visão clara e acessível do avanço global rumo aos compromissos climáticos, com base no relatório “Scaling up NDC 3.0 ambition through Article 6”.
Iniciativas nos Mercados de Créditos de Carbono
Portugal avança no Mercado Voluntário de Carbono com plataforma nacional e metodologia florestal (Out/2025).
O Governo português deu um passo pioneiro na política climática daquele país no último dia 24. Trata-se do lançamento da plataforma digital www.mvcarbono.pt, que permite o registo, transação e cancelamento de créditos de carbono gerados naquele país, com foco em transparência e integridade ambiental. A primeira metodologia publicada, “Novas Florestações em Portugal”, foi validada por especialistas e alinha-se com o Plano de Intervenção da Floresta 2025–2050. O mercado será acessível a empresas, autarquias e cidadãos, promovendo investimentos em projetos de sequestro de carbono e valorizando economicamente os serviços dos ecossistemas florestais. Segundo a Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, trata-se de um instrumento essencial para impulsionar a ação climática e fomentar empregos verdes.
Passo regulatório para integrar o Brasil ao mercado global de carbono sob o Acordo de Paris (Out/2025).
Portaria GM/MMA nº 1.479, de 10 de outubro de 2025, definiu os procedimentos para que projetos brasileiros do antigo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) possam migrar para o novo Mecanismo de Crédito do Acordo de Paris (PACM). O foco principal está na validação e transição de projetos que geram créditos de carbono. A Autoridade Nacional Designada (AND), representada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, será responsável por avaliar se os projetos estão aptos a gerar créditos de carbono reconhecidos internacionalmente, como os A6.4ERs. No entanto, a aprovação da AND não garante automaticamente a emissão ou transferência desses créditos, que dependerão de regulamentações adicionais da UNFCCC.
Leituras Recomendadas
O livro The New Global Possible, de Ani Dasgupta (CEO do World Resources Institute), apresenta uma visão ousada e esperançosa para enfrentar os grandes desafios globais — como a crise climática, desigualdade e o colapso da cooperação internacional. Com base em mais de 100 entrevistas com líderes mundiais, a obra revela parcerias transformadoras, aprendizados de políticas públicas e caminhos para uma transição energética justa. É um chamado à ação para quem acredita em soluções sistêmicas e sustentáveis. Saiba mais.
Relembre nosso post da semana passada sobre Créditos de Carbono, avanços regulatórios internacionais, valorização dos créditos de carbono da Amazônia, iniciativas locais de conservação, expectativa de forte expansão do mercado voluntário até 2050 e reflexões éticas profundas e. Aqui, você sempre se surpreende e aprende antes dos outros.
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Carbon Credit Markets é canal educativo e mídia referência nos mercados de carbono, com forte presença digital e audiência global em mais de 100 países, o site número 1 no Brasil e o 19º mais influente do mundo, segundo o FeedSpot.
COP Experience é uma iniciativa estratégica que conecta empresas e instituições à COP30, que será realizada em novembro de 2025. O projeto oferece presença qualificada, visibilidade global e impacto real na agenda climática internacional.
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